quarta-feira, 9 de junho de 2010

A verdadeira febre da Copa

Texto e fotos: Juliana Fernandes

Centenas de pessoas se reúnem todos os dias nos arredores da Praça Independência, no Gonzaga, para trocar e comprar figurinhas da Copa do Mundo. São idosos, crianças, homens e mulheres. Eles se encontram com um único objetivo: completar o seu álbum da Copa.

Quem já completou o álbum não fica de fora. Fatura vendendo as figurinhas. É o caso de Marcelo Ariano que, com 11 anos, ganha o próprio dinheiro disputando as vendas com a banca e com vários outros que fazem o mesmo que ele, ou seja, vender figurinhas. Em um dia comum da semana, Marcelo fatura R$ 20,00, sem contar as vendas que faz durante os intervalos das aulas na escola. No Gonzaga, ele já se tornou amigo dos ambulantes e muito conhecido entre os colecionadores. Vinte reais pode parecer pouco, mas cada exemplar figurinha é vendida por R$ 0,20 ou até R$ 3,00, dependendo da dificuldade de encontrá-la.

Lucas Serra, também com 11 anos, participa da febre das figurinhas, mas a mãe, além de acompanhá-lo, faz as trocas para que ele consiga as nove figurinhas que faltavam para completar o álbum. Carla Serra diz que o motivo de acompanhá-lo é o medo da violência, pois as ruas ficam lotadas. “Sem dizer que alguns adultos se aproveitavam para trapacear na troca ou venda das figurinhas”.

Enquanto o garoto Marcelo comercializa as suas figurinhas, Carla Serra toma a iniciativa. Ela mesma faz a contagem das figuras para o filho e anuncia em voz alta os números que faltam para completar o álbum de Lucas. A sua agitação era tão grande que quando me aproximei para conversar, ela pediu que o filho me atendesse.

Com um caixote para se sentar, duas caixas de sapatos velhos para guardar as figurinhas, Amélia Tomaz, de 59 anos, abdicou de seu carrinho de pastéis que tinha há sete anos para vender figurinhas ao lado da Banca Estátua. Mesmo com a forte concorrência da Banca e dos ambulantes que saem à procura de quem quer comprar, Amélia fatura nos sábados R$ 480,00 apenas com as pessoas que chegam até ela. Ela diz que faturava apenas R$ 50,00 aos sábados. “Já com as figurinhas vendo em um dia comum por volta de mil exemplares”.


Há três Copas Amélia trabalha no Gonzaga com a venda das figurinhas. Além disso, se considera uma colecionadora fanática: “Já completei o meu álbum. Em todas as Copas faço isso, até mesmo na época dos pastéis”, diz a senhora enquanto atende os clientes. Ela conta que tem em sua casa por volta de 20 mil figurinhas e que essa já é a terceira Copa que trabalha com a venda no Gonzaga.

Durante a entrevista, três mulheres e uma criança disputavam por sua atenção. No meio de tanto vuco-vuco a comerciante se atrapalhou na hora de entregar as figurinhas de uma das clientes e quase houve um desentendimento por conta disso. A comerciante diz que o público que compra as figurinhas é variado, mas quem mais a procura é o pessoal de 40 a 50 anos.

O empresário Márcio Armelim, de 55 anos, é exemplo disso. Passa horas por volta da banca trocando figurinhas para o neto, filho, amigo e, claro, para ele também. Ele é aposentado e dono de fábricas em Sorocaba. Colecionar figurinhas se tornou lazer para ele: “Todos precisam de uma atividade para se distrair, isso para mim é um prazer”, sorri, enquanto troca figurinhas em uma roda de crianças e adultos.


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Leia a matéria na íntegra na edição 1

Equipe RUA

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