quarta-feira, 9 de junho de 2010

O sonho em uma bola

Por Adriele Donadio

No sonho de se tornar um jogador de basquete profissional, muitos jovens almejam o melhor para o futuro, buscando se espelhar nas estrelas do esporte para mudar a sua realidade.

Vagner Alberto Ferreira Borges é um desses jovens. O garoto de 17 anos é bom

filho, aluno, vizinho, amigo... É assim que todos aqueles que convivem com ele o consideram. Dedicado em tudo aquilo

que faz, quase perfeccionista, se veste. Coloca blusa e bermuda largas, tênis com o cano alto. Quer ficar parecido com o ídolo, Michael Jordan. Então vai para a rua. Pois é lá que pratica o seu esporte favorito, o basquete de rua.

Vagner e seus amigos não têm um lugar fixo para se reunir na hora de jogar. Um espaço livre como a rua de casa ou o

Espaço Alvorada, conhecido como “quadradão”, no bairro Jardim Quietude, em Praia Grande. Deu vontade de jogar, eles pegam a bola, penduram a cesta no prego colocado no poste e jogam.

Das belas jogadas ao ponto suado é no bate bola com os amigos que ele pode descontrair. Há um ano e meio, Vagner perdeu o pai. Algo que tumultuou sua vida. Foi no esporte que ele se apegou para se esquecer dos problemas. O esporte deu uma reviravolta nos instantes de profunda tristeza.

Ele trabalha eventualmente como DJ e, diferentemente de muitos dos colegas, Vagner não sonha em um dia se tornar um jogador famoso de basquete de um

grande time. O que o move é o prazer de praticar o esporte:

— Muitos jogam pelada nos fins de semana, mas eu não troco o basquete de rua por nada — diz.

Para ele, o esporte o ajuda a deixar de pensar nos problemas. Vagner mora no Jardim Anhanguera, bairro da periferia de Praia

Grande. Como muitos jovens que moram lá, já recebeu convites para cometer assaltar, usar e traficar drogas; no entanto, jamais aceitou. Em sua vida, o trabalho, estudo e, principalmente, o esporte estão sempre em primeiro lugar. “Na minha vida não há espaço para as coisas erradas”, diz.

Curiosamente a primeira disputa de basquete de que se tem registro um recipiente de vime para colocar pêssegos foi usado como cesta e a bola era de futebol, tudo com muito improviso, isso por volta de 1890. De lá para cá, muita coisa mudou no basquete. Existem regras, bolas e cestas específicas para o esporte, distinções entre o esporte praticado em quadra e na rua.

Jogar basquete na rua é uma tradição antiga importada dos Estados Unidos. Mas assim como no futebol o brasileiro tem seu jeito de jogar. Apesar de o esporte ser praticado na rua, também tem organização. Em 2002, a Central Única das Favelas, a Cufa, criou a Liga Brasileira de Basquete de Rua, a Libbra. Esta entidade desenvolveu as regras para o basquete de rua brasileiro.

Algumas parecidas com basquete tradicional de quadra, como por exemplo, o tempo máximo que um jogador pode fica com a bola na mão. Outras nem tanto, como o número de jogadores na quadra. Das regras desenvolvidas pela Libbra, existe uma que certamente chama atenção no basquete de rua, pois “deve estar sempre presente, é a desmoralização”.

Mas não no sentido de “humilhar” ou ofender o adversário. A intenção é fazer belas jogadas, pois são elas que fazem com que a disputa se torne um espetáculo. Mais do que marcar pontos e fazer boas jogadas, Vagner tem o basquete de rua como parte de sua vida.


(...)

Leia a matéria na íntegra na edição 1

Equipe RUA

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